Sessão do tribunal do júri. O réu, acusado de homicídio, era defendido por um advogado que baseava a sua argumentação na falta de materialidade do crime, pois o cadáver não fora encontrado.
O causídico que defendia o réu fazia a sustentação oral quando seu celular tocou. Após pedir licença, atendeu a ligação. Falou ao telefone por alguns instantes, abriu um largo sorriso e dirigiu-se ao júri com uma bombástica surpresa que mudaria todo o rumo do julgamento:
– Senhores jurados, eu tenho uma novidade! Acabo de receber a informação de que, dentro de dois minutos, a suposta vítima vai entrar neste salão e provar que está viva!
Todos ficaram espantados com a informação e voltaram os olhos para a porta.
O advogado pediu que todos aguardassem por alguns minutos. O tempo passou e ninguém chegou.
O juiz, já impaciente, pediu explicações ao patrono do réu. Este, após atender outro telefonema, falou:
– Senhores, infelizmente o réu não virá. Mas o que importa é que todos vocês olharam para porta com a expectativa de ver a suposta vítima. Portanto, ficou claro que ninguém tem certeza se realmente a vítima está morta. Por isso, diante da dúvida, rogo a todos que o réu seja absolvido.
Ainda atônitos, os jurados se retiraram para a sala ao lado a fim de proferir sua decisão. Quando retornaram, o juiz leu o resultado da votação: o júri considerou o réu culpado, por unanimidade.
Terminada a sessão, o advogado, inconformado, foi conversar com um jurado:
– Como vocês puderam condenar o réu? Eu vi todos vocês olharem fixamente para a porta! Está claro que vocês estavam em dúvida!
O jurado, bastante observador, respondeu:
– Sim, é verdade. Todos nós olhamos para a porta, menos o seu cliente.
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